O bairro Caminho de Areia (nome devido a antigamente ser formado por areia, em uma região composta por mar e mangue) está localizado em Itapagipe, na região macro denominada Cidade Baixa, cuja ocupação desta ocorreu a partir da metade do século XVI, com o processo de aterro das faixas litorâneas. Entretanto, de acordo com o blog História de Salvador-Cidades Baixa e Alta (2009), há relatos de que a ocupação deste bairro teve início no século XIX, por volta de 1940, sendo considerado – assim como toda a península itapagipana – aterro sanitário de Salvador, absorvendo toda a sujeira oriunda da Cidade Alta.
Entre os bairros itapagipanos com a formação resultante do despejo de dejetos da Cidade Alta, está Alagados, um bairro pobre, com os moradores vivendo em situação precária, com residências construídas de palafitas. Os termos mais adequados para caracterizar a experiência de morar em palafitas são construção e reconstrução. Os moradores constantemente se veem obrigados a refazer suas casas em função da destruição das mesmas. De acordo com o relato de uma moradora, que reconstruía sua casa duas vezes ao ano, “isso não é vida pro ser humano. É muito sufoco”, diz. Dos utensílios domésticos que ela tinha só lhe restou a roupa do corpo. “Da última vez, a maré destruiu tudo”. Apesar da situação de risco, os moradores contam com projetos educativos e culturais, como o Bagunçaço e a TV Lata, em que os jovens desenvolvem ações como produção de vídeos e fotografia.
Na história de Itapagipe é possível encontrar vestígios do período colonial. Segundo Alves (2008), há registros de que ainda antes da fundação da cidade de Salvador, havia a presença de indígenas eurotupinambás. Esse predomínio ocorreu até a metade do século XVI. No entanto, outros povos também já habitavam o litoral baiano, como tupi, tupina, tupinaé. Após a segunda metade do século XVI, ao chegarem os escravos, iniciou-se o processo de miscigenação.
Mas os povos indígenas viviam constantes luta constante para tentar manter sua cultura. Assim, na metade do século XVI, sucederam tentativas de escravizar os índios. Foi na época em que o pau-brasil estava sendo substituído pela cana-de-açúcar. No entanto, tal iniciativa não ocorreu por completo, já que a população indígena possui o hábito de trabalhar somente para atender o necessário à sua sobrevivência. A intensidade do trabalho, a sua regularidade vai de encontro à ideologia indígena. Como consequência dessa resistência, as tribos só tinham dois caminhos a trilhar: enfrentar os colonizadores, iniciando assim uma guerra; ou fugir para a selva, facilitando a disseminação de doenças.
REFERÊNCIAS
- ALVES, José de Arimatéa Nogueira. Índios em Salvador (identidade, memória e alteridade). 2008
Disponível em: <www.cult.ufba.br/enecult2008/14446.pdf>
Acesso em: 16/09/11
Acesso em: 03/08/11
Acesso em: 13/07/11